Friday, August 03, 2007

Achille Castiglioni


Grazie Achille

Um dos mais importantes nomes do design industrial do século XX foi Achille Castiglione. Produziu e criou mas de 150 produtos e desenhou para três dos mais conhecidos produtores de Design: A Flos para Iluminação, Zanotta para mobiliário e Alessi para produtos de casa. Estive no seu estúdio, na Piazza Castello, onde os aprendizes ainda se sentam na sua cadeira e falou a com a sua filha Giovana Castiglione que nos contou, na primeira pessoa, tudo sobre Achille, os seus protótipos, a sua historia e a sua simplicidade. Por Inês Blu Rodrigues, em Milão



Estamos no numero 27 da Piazza Castello em milão onde Achille Castiglioni e os seus irmão mais velhos Livio, com quem trabalhou até 1954 e Pier Giacomo, até 1968, instalaram o atelier. À entrada do estúdio há uma pequena escada que nos leva a um corredor que separa duas áreas principais, a sala dos protótipos e reuniões e a sala da criação e do arquivo de projectos. Fomos recebidos por uma senhora que gentilmente nos perguntou se falávamos o Italiano e nos apresentou Giovanna Castiglione, a filha de Achille.
Castiglioni estudou arquitectura no politécnico de Milão, onde também foi professor e que, segundo Giovanna, «levava um saco preto igual ao de Mary Poppins cheio de objectos que dispunha na mesa da sala de aulas. Do saco saiam brinquedos, estranhos objectos e diferentes tipos de óculos dos mais variados materiais como plástico, alumínio, papel ou feitos dos rolos antigos das maquinas fotográficas». Achille testava os seus alunos, punha-os a pensar e a imaginar sobre a função de cada um dos objectos. Giovanna, filha do seu pai, também nos testou na biblioteca do estúdio, onde nos punha na mão várias peças que tirava de um pequeno armário de vidro e nos fazia experimentar e adivinhar.
Achille Castiglioni acreditava no potencial do Design, uma visão um pouco neo-modernista, mas ao mesmo tempo integral, pois desenhava sempre com uma grande sensibilidade à forma, à produção e ao consumidor. As suas criações eram feitas de tanta precisão e criatividade que as coisas mais funcionais nasciam do obvio. Achille mostrava aos seus alunos, tal como Giovana nos mostrou a nós, que um objecto aparentemente humilde em forma e em material poderia ser um inspirador e inteligente protótipo de design, isto se levasse com ele a dose certa de humor, estética e função. Segundo Giovanna, «Ele dizia sempre aos seus alunos para se concentrarem no senso comum e para se focarem no objectivo». Um designer tinha a responsabilidade de primeiro analisar, se era ou não necessário construir alguma coisa, depois investigar de que forma e com que recursos e matérias o projectavam e só depois se desenvolvia o plano. A esta teoria Castiglioni chamou de «Componente de Design Principal».
Os projectos de iluminação que desenhou para a Flos demonstravam uma espécie de tecno-funcionalismo, onde nenhuma peça era incluída sem um propósito funcional. Influenciado pelo artista Marcel Duchamp, em 1957, Achille usou um assento de um tractor para construir um banco, o Mezzadro, que foi produzido pela Zanotta a partir de 1971. Este banco tornou-se muito popular em interiores High Tech.



Achille promovia que o designer deveria investir o seu tempo e energia no funcionalismo e não só na estética, «numa forma consistente de desenhar».
Depois da nossa visita ao lado esquerda do estúdio onde se expunham os protótipos, a sala de reuniões e a biblioteca, passamos ao lado direito do atelier divido em três salas de criação onde se espalhavam os seus projectos e se arquivavam os planos.
Este estúdio nasceu depois da segunda grande guerra, os irmãos Castiglioni desenvolviam produtos para manufacturas italianas, montavam exposições e trabalham em cenografia. Vivia-se uma época em que as manufacturas tinham sede de inventos e novos materiais e, essa combinação entre uma nova geração produtiva, a tradicional manufactura italiana e o boom de novos consumidores mais jovens, fez aumentar a necessidade do design e da criação.

Achille Castiglioni era, segundo Giovanna, um homem muito rigoroso mas a sua aproximação ao objecto como produto final era sempre com humor. Como por exemplo, o cinzeiro em espiral que desenhou para Alessi, era pratico, divertido tinha como objectivo que um cigarro de combustão lenta pudesse repousar todo o «tempo do mundo».
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Achille, um grande fumador, aquando a sua morte em 2002, nunca perdeu a sua energia, a sua boa disposição e a sua curiosidade pelo paradoxal. Fechámos a porta do estúdio trazendo um rolo fotográfico com os seus principais projectos. Uma lembrança desse grande nome do design Italiano Achille Castiglioni.

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