Friday, February 16, 2007
Tuesday, February 06, 2007
Mudanças de Espírito
Removi caixotes gigantes cheios de livros de todas as espécies, livros de faculdade, romances, sebentas, dossiers com matérias jamais lidas, cadernos de pensamentos e até uma lata de cores onde se põe canetas. A cama era de ferro forjados dos anos 20, outrora fora grená agora vestia-se com um azul eléctrico utilizado também para pintar todas as pontas de metal que encontrei naquela casa. Consegui passar essa cama sem a desmontar para a sala por uma porta de um metro de largura e um metro e oitenta de altura. Era a casa mais baixa que alguma vez vira. Depois da cama seguiu-se a estante já partida na parte de trás e toda a tralha que se espalhava no chão. Depois deste processo, pus mãos à obra. Abri uma lata de tinta branca, agarrei no pincel e pintei um quarto sem luz natural. Tecto, paredes, borde e esquinas. Os cheiros da idade desapareceram. Depois deste processo toda a mobília que enchia a sala passou novamente para o quarto de 5 metros, onde poisou durante um par de horas. A sala era um pouco maior mas não muito, tinha uma mesa de nogueira escura, abria dos lados para se tornar maior se necessário, e fechada fazia um quadrado perfeito. As cadeiras faziam conjunto. Comprei almofadas azuis, verdes e cor de laranja e beges. Essa mesa passou para o quarto onde coloquei o computador. A cama ficou ao lado daquela janela que beijava o jardim. Toda a casa vivia à volta daquela janela, a casa respirava pela janela, olhava pela janela, espreitava pela janela, comia à janela, lia à janela, falava pela janela. Sempre que a janela se fechava o espaço tornava-se inexistente.
Subscribe to:
Posts (Atom)